quarta-feira, setembro 01, 2010

Missing you


Minha filha nasceu não só na véspera do meu aniversário, mas também na véspera de completar 10 anos que eu efetivamente me mudei para Brasília. Só hoje eu tenho a noção de que esse episódio foi determinante não só na minha vida, mas na vida da minha mãe e da minha irmã também.

Eu tinha 16 anos e morava em Caldas Novas quando passei no vestibular aqui em Brasília. E minha mãe me deixou vir. E eu me lembro na época as pessoas falando “sua mãe é louca por te deixar ir” e eu só pensava “deixou? Mas eu nem pedi!”. E hoje eu entendo a grandeza desse gesto.

Minha mãe me deixou ir. Me deixou ser. Eu sei o quanto ela sofreu por ficar sozinha para trás com uma filha de 12 anos. Eu sei o quanto a minha irmã sofreu por passar a ser praticamente uma filha única naquele momento. E nem mesmo quando eu ligava chorando minha mãe me pedia para voltar, pelo contrário. Ela às vezes era até dura ao dizer “se você voltar, a gente vai ter que te arrumar um emprego de caixa de supermercado”.

Eu não sei se eu teria essa grandeza, esse altruísmo de deixar minha filha seguir a vida dela longe de mim tão cedo. Tantas vezes eu me questionei se valeu a pena todo o sofrimento por ficar longe da minha família. Para quê? Para estudar, ter uma carreira? Foi sacrifício demais, não?

Mas agora minha mãe fala que eu tive que sair de lá para conhecer o meu marido e ter a Lara. É como se tudo se justificasse de repente, como se não fosse em vão.

E hoje minha mãe foi embora. Dez anos depois de eu ter deixado a sua casa, minha mãe veio me ajudar em um momento tão delicado. Mais do que me ajudar com a Lara, minha mãe me deu banho, colocou minha cinta, me ajudou a me limpar. Minha mãe é minha mãe mesmo após eu a ter deixado por uma década.

E eu estou bem triste hoje por morar longe da minha família. E eu sei que minha mãe, meu pai e minha irmã também estão – e a família do meu marido também , que em grande parte está longe. Lara tem duas tias em Goiânia, uma no Rio e um nos Estados Unidos.

É isso. O meu sonho sempre foi colocar todo mundo que eu amo vivendo pertinho – e eu consegui isso por apenas uma noite, no meu casamento, quando as pessoas se despencaram para Goiânia por nossa causa. Agora, mais ainda, eu queria muito que a minha família e os amigos distantes convivessem diariamente com a minha filha. E vai ser difícil aceitar que a vida não é assim.

3 comentários:

Renata disse...

Ai menina, me emocionei com esse post. Que medo de meus filhos quererem ir pra longe! Acho que, racionalmente, sua mãe foi incrível, fez o que deveria ter feito, o que vc precisava que ela fizesse, mas deve ter sido difícil mesmo. Meus dois irmãos mais velhos foram fazer intercâmbio no colegial e emendaram a faculdade nos EUA. Novinhos de tudo! E minha mamy firme e forte. Tb admiro e quando chegar a minha hora, espero ter a sabedoria necessária pra lidar direitinho com a situação, mas ainda tá longe, né??? Diz que sim!!! rs!
beijos querida!

Adri disse...

Buáaaaaaaaaaaa!! Faz 10 anos que eu conheci aquela menina magrinha, parecia um ratinho! Falando: vim de Caldas... E todo mundo aos poucos cedendo àquela "forasteira". Há 10 anos conheci aquela que seria minha irmã mais nova, tão frágil e tão mulher (e agora mãe!).
Que bom que sua mãe deixou e vc mudou, não só o seu destino, mas o de todos por aqui.
Deixe a Lara, sabemos que, como a mãe dela, ela saberá o que fazer quando precisar...
Beijos!

Larissa Rodrigues disse...

E a tia chora ao ler os posts... a tia sente falta todo dia! A tia tb se revolta por estar longe e sonha um dia poder estar pertinho para ver voce pedindo "bença". A tia ama vc e ama sua mamãe... bjus