sábado, novembro 29, 2008

Vovô Geraldo

Meu pai conta que meu avô nunca bebeu. E mesmo depois de anos separado da minha mãe, meu pai passava lá de vez em quando. E, enquanto a minha vó fazia chá – meu pai não bebe café e há de se servir algo quente para a visita – meu avô dava uma saidinha. E voltava com uma garrafa de pinga escondida entre as pernas. Dali a alguns minutos, perguntava: “Gomes, eu tenho um pinguinha boa ali, quer um pouco?

E eu não gostava de ficar muito tempo sozinha com meu avô. Tinha medo de não saber o que falar. E ele não entendia que eu tinha morado na Inglaterra, nem que a Europa existia. Toda vez ele me perguntava: “minha filha, lá nos Estados Unidos era bom?”

Quando ele morreu, disseram para minha priminha que ele tinha virado estrelinha. No dia seguinte, ela acordou depois do enterro. E perguntou: “Pai, cadê o vovô?”. E o meu tio contou de novo a história da estrelinha. No que ela respondeu: “Não pai, o corpo. Já enterraram?” A gente acha que criança é boba.

Não tem nem quatro meses que ele morreu, mas parece que foi no século passado. Sempre me gabei de ter conhecido minha bisavó, de ter os quatro avós vivos. É que hoje eu estou lendo o livro triste, e eu não consigo parar de me lembrar dele.

3 comentários:

Camila disse...

lembranças são o q nos restam sempre.

aconteça o q acontecer as memórias são nossas e ninguém tira da gente o sorriso ao lembrar de certas coisinhas q vivemos...

bjs chuchu

Anônimo disse...

Lo,
no casamento tb fiquei assim. Queria ter mandado convite pros dois os avôs e avós. O único q n tenho era um dos q eu mais queria q estivesse. Maybe, estava...

Anônimo disse...

Buá, agora só me resta uma vó...