quarta-feira, setembro 29, 2010

Saudade

-Daí que sexta-feira eu resolvi que era hora de sair de casa. Queria passar batom vermelho. Passei o dia inteiro pensando no batom, combinei com a babá de dormir no quarto da Lara e, assim que ela dormiu, ali por 21h30, me arrumei, batom vermelho, vestido preto, cinto na cintura que eu tenho novamente (ê!), sapato de salto (quase caí), olho delineado. Fui ao Universal para ver o novo restaurante e para tomar o meu drink com recomendação médica.
E eu chorei no meio do Universal. De saudade da Lara, de medo de alguma coisa acontecer, com raiva desse paradoxo que me faz ficar desesperada para sair de casa e, ao mesmo tempo, me faz ficar triste na rua sem ela.
Uma hora depois, eu estava em casa. E para mostrar que se importou muito com a minha saída, Lara dormiu pela primeira vez a noite inteira - ou o que as mães chamam de a noite inteira, que vai até as 6h. Na minha época, noite inteira terminava meio-dia.
Ontem eu fui na médica para a consulta dos 40 dias e resolvi deixa-la em casa de novo, para não expor a menina aos vírus do hospital ("norótica" com os vírus, sim eu sou). Mais uma vez, ela dormiu o tempo todo. Morre de saudade de mim essa menina.
PS: Eu não sei se foi a rotina do banho-massagem-dormir, ou se é dela mesmo, mas Lara está dormindo muito bem à noite. Depois de sexta, passou três dias acordando por volta de 3h e voltou a dormir a noite inteira de ontem para hoje. Deus conserve. De dia, por outro lado, não há o que faça essa menina ficar no berço. Dome na cadeirinha, na minha cama (eu sei, não pode, mas eu canso, né?), mas é botar no berço e ela chorar. Estou terminando de ler a Encantadora e vamos ver se começamos uma rotina de dia também. Mamãe aqui é general, hohoho.
Aqui, um vídeo da Larinha rindo. Não me venha falar que é reflexo, humpft!




segunda-feira, setembro 20, 2010

No quartel d'Abrantes


- Lara agora puxa o próprio cabelo, grita de dor e não entende que tanto a mão quanto o cabelo são dela

- E aos poucos, Lara vai ganhando vida social e a mãe dela saindo da jaula. Já tomamos sorvete e almoçamos fora, fomos a café, tudo em locais ao ar livre como manda a pediatra. Ainda bem que na minha quadra temos várias opções, hohoho. Já almoçamos na casa da vovó, fomos assistir o fla-flu, fomos fazer uma compra rápida no supermercado. E recebemos amigos em casa com a Lara quietinha no quarto que ela entende que a mamãe também conhece outras pessoas além dela.

- E eu inventei que é hora de ter alguma rotina nessa casa! Tudo bem que até agora ela nem sequer tem hora para mamar, mas como já dorme bem à noite - leia-se acorda apenas meia-noite, 3h e 6h - comecei a colocar em prática a rotina do sono de que os livros tanto falam: por volta de 20h, banho no balde - que ela não é muito fã - massagem - que ela detesta - e bercinho. Apesar de sempre dar uma choradinha, tem dado certo, ela dorme direitinho e embala, às vezes pulando a mamada de meia-noite, o que já é um lucro danado.

- E eu enfim criei coragem e perguntei à médica se eu posso beber enquanto amamento. Tinha medo que ela achasse que sou alcoolatra se perguntasse na consulta de sete dias, hohoho. Já tem um século que eu não bebo nadinha porque durante a gravidez husband leu que nenhuma quantidade de álcool era segura e me encheu o saco eu fui muito responsável. Mas agora a médica liberou duas latas de cerveja - que serão substituídas por prosecco - logo depois de amamentar, dando um tempo para a próxima mamada. Outro dia fui colocar em prática e não consegui tomar meia taça!!! Oh god, que decadência.

PS: Lara agora tem 3,570 e 52 cm!

segunda-feira, setembro 13, 2010

Um mês



Minha princesinha fez um mês no sábado. Quanta coisa aconteceu nesse um mês, hein filha? Quanta diferença você agora e quando nasceu. A cabecinha já mais durinha levanta sozinha quando de bruços. O que a mamãe acredita ser seu primeiro sorriso de verdade – não aqueles dormindo ou involuntários – aconteceu no sábado. Você agora não precisa ser mais acordada no meio da mamada, pelo contrário, é a minha Bezerra da Silva, mama com força e rapidinho. E mamãe e papai passam horas só olhando suas caretas! A melhor é a testa franzida acompanhada de biquinho, como quem está confusa sobre o que está acontecendo.

E como minha leonina tem personalidade forte. Impaciente que só, se perde o bico do peito sai da frente que ela sai caçando desesperada!! E gosta de uma rua! É sentar no carrinho ou entrar no carro para dormir tranquilamente! Gosta de se exibir, de ficar pelada, de tomar banho de sol. E gosta de banho dia sim, dia não, depende do humor.

E eu, nesse um mês, vou virando mãe aos pouquinhos. Te amando cada vez mais, o que eu achava impossível. E você cada dia mais linda, o que eu também achava impossível.

E eu viro mãe sem deixar de ser eu, claro. Por isso, quase enlouqueci por ter que ficar em casa um mês, meu Deus como eu sofri!! Foi mais difícil do que a mamada das 3 da manhã. Agora a gente já pode dar um passeio pela quadra, ir na casa de amigos, o que claro, não é uma balada, mas já ajuda a mamãe a ficar animadinha! Pelo menos eu tiro a camisola, né???

E aos pouquinhos a mamãe tenta deixar você sozinha – com a babá, conselho tutelar não se apavore. A primeira vez que eu saí deixei Lara com a minha própria mãe por 20 minutos e quase morri do coração. Depois deixei dez minutos com a babá para ir à padaria e nesse tempo eu pensei em todas as desgraças possíveis de acontecer dentro de casa. Sexta-feira mamãe e papai foram ao Giraffas – eeee – da quadra por 30 minutos e, adivinha, passaram 30 minutos preocupados falando de Lara. Vai ser difícil voltar para a noite, hohoho.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Missing you


Minha filha nasceu não só na véspera do meu aniversário, mas também na véspera de completar 10 anos que eu efetivamente me mudei para Brasília. Só hoje eu tenho a noção de que esse episódio foi determinante não só na minha vida, mas na vida da minha mãe e da minha irmã também.

Eu tinha 16 anos e morava em Caldas Novas quando passei no vestibular aqui em Brasília. E minha mãe me deixou vir. E eu me lembro na época as pessoas falando “sua mãe é louca por te deixar ir” e eu só pensava “deixou? Mas eu nem pedi!”. E hoje eu entendo a grandeza desse gesto.

Minha mãe me deixou ir. Me deixou ser. Eu sei o quanto ela sofreu por ficar sozinha para trás com uma filha de 12 anos. Eu sei o quanto a minha irmã sofreu por passar a ser praticamente uma filha única naquele momento. E nem mesmo quando eu ligava chorando minha mãe me pedia para voltar, pelo contrário. Ela às vezes era até dura ao dizer “se você voltar, a gente vai ter que te arrumar um emprego de caixa de supermercado”.

Eu não sei se eu teria essa grandeza, esse altruísmo de deixar minha filha seguir a vida dela longe de mim tão cedo. Tantas vezes eu me questionei se valeu a pena todo o sofrimento por ficar longe da minha família. Para quê? Para estudar, ter uma carreira? Foi sacrifício demais, não?

Mas agora minha mãe fala que eu tive que sair de lá para conhecer o meu marido e ter a Lara. É como se tudo se justificasse de repente, como se não fosse em vão.

E hoje minha mãe foi embora. Dez anos depois de eu ter deixado a sua casa, minha mãe veio me ajudar em um momento tão delicado. Mais do que me ajudar com a Lara, minha mãe me deu banho, colocou minha cinta, me ajudou a me limpar. Minha mãe é minha mãe mesmo após eu a ter deixado por uma década.

E eu estou bem triste hoje por morar longe da minha família. E eu sei que minha mãe, meu pai e minha irmã também estão – e a família do meu marido também , que em grande parte está longe. Lara tem duas tias em Goiânia, uma no Rio e um nos Estados Unidos.

É isso. O meu sonho sempre foi colocar todo mundo que eu amo vivendo pertinho – e eu consegui isso por apenas uma noite, no meu casamento, quando as pessoas se despencaram para Goiânia por nossa causa. Agora, mais ainda, eu queria muito que a minha família e os amigos distantes convivessem diariamente com a minha filha. E vai ser difícil aceitar que a vida não é assim.