Sendo bem sincera, eu não sei como consegui sobreviver a
esses últimos meses.
A verdade é que eu só conseguia manter um trabalho tão hard core
porque husband segurava seus 50% da barra. Só quando ele passou a estar em
outra cidade durante a semana é que eu fui ver isso. Não dá para os dois
trabalharem em trabalhos hard power e terem um filho. Pelo menos não o criando
do jeito que a gente cria.
O problema é esse, eu nunca consegui terceirizar muito a
coisa. E, ao mesmo tempo, não tenho vocação para mãe em período integral. Então
eu dividia o fardo com o pai, nada mais justo. Eu ficava de manhã, brincava,
passeava, saia para trabalhar um pouco, voltava, almoçava, levava na escola.
Ele pegava na escola, dava janta, brincava mais. Nós nos revezávamos no colocar
para dormir.
Desde abril, o esquema degringolou. Sem o pai na equação, eu
passei a ser uma mãe muito pior. Soma-se a isso o fato de a empregada ter saído
para ter neném e a Lara ter detestado a nova. Ou seja, o pouco que eu conseguia
terceirizar – uma troca de fralda, por exemplo – ela não aceitou mais. Então eu
passei a fazer tudo o que eu fazia, mais o que a baba fazia, mais o que o pai
fazia, mais, mais, mais.
Para piorar o cenário, a Lara, que já vinha há meses doente,
só piorou. Nas últimas três semanas teve febre. Aos domingos. Quando o pai vai
embora. É de cortar o coração.
E eu pulando – sozinha – de médico em médico, pediatra,
homeopata, alergista. E tive que segurar sozinha minha filha para tirar sangue.
Logo eu, que nem sequer a levava para tomar vacina – esse era o trabalho mor do
pai.
E daqui a duas semanas eu me despeço do meu emprego que amo.
Por uma temporada, até que ele consiga ser transferido para Brasília. E eu nem
estou conseguindo viver esse luto porque, sinceramente, eu só quero que essa
fase difícil acabe. Muita gente me falou para continuar no esquema ponte-aérea,
mas, me digam, como? Nessa casa, o pai tem um papel importante demais e faz
falta no dia-a-dia.
Sem a minha família por perto, ainda, aí é que não tem como
mesmo. Continuando no meu trabalho hard power mega plus, sem horários, que me
exige olhar o email às 8h e às 22h igualmente? Não dá mesmo. Não se eu quiser
continuar sendo a mãe que eu quero ser.
Enfim, vou sair de um esquema trash para entrar em outro
temporariamente trash, de mudança, encontrar novo ap, nova escola, nova
empregada, novo emprego... É tanta coisa que à noite, quando vou rezar, não sei
nem mais o que pedir. Peço saúde para minha filha, por favor, que isso é que
mais me debilita. A vontade, mesmo, é de dormir e acordar quando tudo já
estiver magicamente organizado e funcionando bem. Comofaz?
Um comentário:
Poxa, Lorena, que dureza! Eu posso imaginar a dificuldade em ficar sozinha com a Lara a semana toda, e ainda por cima com tantas doencinhas. Olha, as vezes essas mudanças apesar de dificeis fazem mto bem, renovam! Tomara que seja o caso, que vcs sejam mto felizes nessa nova fase, que tudo corra bem na mudança! Boa sorte.
Abraços
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